A sacada é muito alta
Uma granada. É isso que sou. Os restos de uma granada sempre explodindo a si mesmo. Me reconstituindo explosão a explosão. Mas sempre me explodindo novamente. E isso é tão desgastante. Eu estou cansado de explodir e explodir. Incansavelmente.... Ou tão cansadamente. Cansado do barulho, do estrago, do trabalho de ter que me refazer de novo e de novo, mesmo sabendo que tão provável quanto a bagunça a ser deixada será a próxima demolição. Os soluços do meu choro já não dão conta de abafar esse terrível barulho do meu ser sendo fragmentado, como estilhaços de vidro que à medida que partem a si mesmos, partem também a mim mesmo. Perfurando a minha alma, rasgando os resquícios que sobraram da última destruição. E isso me faz chorar mais. Porque talvez o barulho do meu choro possa me servir de acalanto... Um sinal de que ainda resta algo vivo em mim... Ao menos por enquanto... Gritos de socorro inaudíveis ecoam pelo meu olhar cansado. Mas quem os ouviria... E se ouvissem...