Dias cinzentos

É que têm dias em que os golpes da vida doem mais e você pensa que não vai mais aguentar... Não por fraqueza, mas por ter permanecido forte há tanto tempo e por isso, já estar cansado demais...
Têm dias em que sua alma que, há tanto vem sendo chicoteada, começa a sangrar, e sangra além do que se pode imaginar... Um sangue alvo, denso e cristalino que nasce das janelas do seu ser e escorre por todo o resto.
Têm dias em que se sente a armadura pesada demais e o metal com o qual tenta proteger a si mesmo já não protege, e sim causa dor, mas você não consegue ou ao menos sabe como retirá-la e vai seguindo assim até não aguentar mais. Só que por ter sido criado para lutar e ensinado que sempre dá para aguentar mais um pouco, não se permite qualquer indício de fraqueza... Resultando em um acúmulo de cansaço e dor.
Têm dias em que a velha sensação de vazio outrora esquecida surge com uma intensidade assustadora e preenche cada canto chegando ao ponto de lhe sufocar por inteiro, impossibilitando até mesmo um grito por socorro.
Têm dias em que a represa interior arrebenta e sai inundando tudo o que você, aos trancos e barrancos, tentava manter a salvo, restando apenas os resquícios do que antes fora algo.
Têm dias em que você só precisa de um abraço ou de um "vai ficar tudo bem", mesmo que dado sem garantia alguma... Mas você sabe que não virão.
Têm dias em que o céu cinzento com nuvens densas e escuras impossibilitam que você veja a luz e o arco-íris prometido ao fim da tempestade não passa de um mito assim como o que chamam de felicidade.
É que têm dias assim...

Poeta Sonhador das Estrelas