As borboletas morreram?

O que você está fazendo, hein?
Eu já estava certo de que todas as borboletas do meu estômago estavam mortas. Afinal, nenhuma conseguiria sobreviver, não depois de tê-las afogado com o vinho mais barato que encontrei em uma esquina qualquer.
E estava bom assim. Ou talvez eu preferisse acreditar que estava.
Aprendi a não gostar de borboletas e sempre que percebia estar aflorando um ou outro casulo, a garrafa de vinho estava à espera, pronta para agir. E foi assim por bastante tempo. Ela passou a ser a minha mais fiel companheira, junto com a solidão. Éramos um trio perfeito.
Mas então você apareceu e droga! Parece que trouxe consigo todas as borboletas do mundo e agora elas estão povoando não só o meu estômago, mas todo o meu ser.
No início eu tomei uns porres e pensei já ter resolvido tudo, como sempre o fizera, mas dessa vez foi diferente. São tantas que não há vinho capaz de afogá-las, todavia persisti mesmo assim. Até que as borboletas me tomaram por inteiro e o vinho passou a não ter mais efeito sobre elas. Foi estranho. Será que alguma se instalou no coração?
Não sei.
O que sei é que borboletas gostam de flores, por isso se agitam tanto quando tu me apareces.
E eu não consigo as controlar, fazer o quê? Também sou louco por flores.
Talvez elas anunciem o fim do inverno que a tanto estou acostumado ou talvez acabem por voar para longe. Não sei. Isso o tempo dirá.
Só por hoje o vinho não será um veneno para as borboletas do meu estômago.

Poeta Sonhador das Estrelas


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