Relatos de uma noite dessas
O quarto está escuro
A chuva cai lá fora
(E aqui dentro).
Relâmpagos cortam o céu noturno
(E algo me corta por dentro).
A chuva faz um barulho enorme
Que me causaria medo, (em outros
tempos).
Nos outros cômodos, todos dormem
E no lugar do medo sinto alívio
Porque a chuva que destrói o silêncio
Também é a que abafa o meu
dilúvio
E apazigua o caos de pensamentos.
Repentinamente o lençol se
encontra molhado
Haveria uma goteira sobre o
colchão?
Posso senti-lo encharcado
Embora não o veja na escuridão.
Talvez a goteira não seja no
telhado, mas sim nas janelas
(Nas janelas da minha alma).
Que grita, grita, mesmo calada.
Lá fora as nuvens se chocam
gerando trovões ensurdecedores
Como se anunciassem o fim
Mas com tanto caos e dores
Que aos poucos consomem tudo
dentro de mim
Já não me importo se são ou não
apenas barulhos
Porque meu mundo está em ruínas
O que resta são escombros,
entulhos
E grãos de areia que agora se
esvaem com a tempestade
Mas tempestade sempre passa, você
sabe
E uma hora esta passará
Não consigo impedir que o mundo
desabe
Só que em meus planos não está se
entregar
Levanto. Vou até a janela e olho
o céu
Se a tempestade me dissolve com
ventania
Pego caneta e papel
E me refaço com poesia.
Se a tempestade me desfaz
Que seja uma oportunidade para me
refazer melhor.
Poeta Sonhador das Estrelas
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