Delírios ao léu
E eu acreditei durante todo esse tempo estar perdido.
Depois que te perdi, ou melhor, depois que você sumiu, foi
como se as luzes se apagassem, como se eu estivesse vagando no vácuo, sozinho.
E por se sentir perdido passei a acreditar nisso.
Eu não havia me perdido, havia perdido um pedaço de mim, e
aquele pedaço que você levou deixou um vazio enorme em meu peito. Você levou a
luz e então eu conheci a escuridão. E tendo a conhecido, passei muito tempo
imerso nela. Passei a gostar da sua tranquilidade, do seu ar de refúgio. Sim,
refúgio.
Refugiei-me sozinho num lugar escuro, como um mundo
particular, mas isso vez ou outra me causava incômodo (creio que pela condição
humana de não estar só). E devido a esse incômodo ainda saí algumas vezes, mas
então aparecia alguém e sempre levava um pedaço de mim.
Eu estava me perdendo.
Eu estava me perdendo.
E, cansado de me
perder por outros que não ansiavam por me encontrar, acabei construindo
(involuntariamente) uma caverna, meu refúgio em que podia me fundir à
escuridão. Assim ninguém podia me ver, me encontrar, me despedaçar, me levar.
Talvez eu não esteja perdido, apenas não queira ser
encontrado...
Agora, ainda na caverna, penso em retornar à superfície, ver
a luz que já não vejo há tempos, mas acontece que tudo em volta é escuridão,
até mesmo eu.
Poeta Sonhador das Estrelas
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