Crepúsculo Matutino
Em dezembro eu e a minha família estávamos na estrada quando um caminhão bateu fortemente em nosso carro. Foi tudo muito rápido. Um clarão, um estampido e logo tudo se apagou. Acordei um mês depois e o choque de realidade me fez desejar voltar ao coma. Entrei em crise. Mas eis uma grande verdade: ninguém se importa. Estou aqui há cerca de dois meses. Internado nesta adorável clínica, em um pequeno quarto cujas paredes são decoradas por mofo, com uma pequena janela na lateral pela qual sempre gosto de assistir ao nascer do sol e conversar com a lua, além de uma cama desprovida de lençóis e travesseiros a fim de evitar quaisquer eventualidades ou uma fatalidade. O que acho engraçado, pois acredito que não haverá fatalidade maior que esta em que se encontro. Insanos. Há dois meses perdi não só a minha família, mas a mim mesmo. Mas, quem se importaria?! Na alternância entre moment...